Pais estressados, perdas econômicas, adoecimento e/ou perdas de familiares, ensino à distância, interrupção das atividades recreativas, confinamento e afastamento dos amigos: estes são alguns dos fatores que estão impactando a saúde mental de crianças e adolescentes, podendo levar a alterações no funcionamento mental dos mesmos e, eventualmente, a transtornos mentais.
O estresse tóxico é um dos mais importantes fatores de risco previníveis para os transtornos mentais, identificá-lo precocemente é fundamental para previnir o surgimento de transtornos mentais. Sinais de estresse intenso incluem alterações persistentes ou gerais, como isolamento, falta de interesse em se relacionar ou realizar atividades antes prazerosas no ambiente familiar, sensação de tédio persistente, brigas e conflitos recorrentes, agressividade presente, recusa de realizar tarefas escolares, medo intenso de sair de casa, pensamentos repetitivos acerca da morte, pesadelos, choro fácil e alterações nos padrões de sono e de apetite. Os pais devem reconhecer os sinais de estresse dos filhos, validá-lo e retransmitir respostas que gerem acolhimento, segurança e aprendizado.
Os pais podem estimular seus filhos a enxergarem a atual situação por diferentes perspectivas, enfatizando sempre os ângulos mais positivos; quando há perdas importantes na família e/ou dificuldades financeiras, o aprendizado gira em torno da aceitação e da segurança de que a família, unida, irá enfrentar tais desafios. Em contrapartida, se os pais não captam ou não respondem ao estresse emitido pelos filhos, o mesmo se intensifica, gerando mais medo, insegurança e desamparo. As famílias, possuem desta forma, papel fundamental na maneira como os filhos irão lidar com o estresse, no entanto, sinais de maior gravidade ou persistência de alterações no comportamento devem servir da alerta para avaliação especializada.
fonte: Guia de Saude Mental pós-pandemia no Brasil, da Pfizer.
Gabriela de Faria Rondão | Psicóloga Clínica