A vasta gama de aplicações das tecnologias digitais vem se ampliando de forma contínua e tornando-se assim, rotina na vida dos indivíduos da chamada “sociedade em rede”; fenômeno este que cresceu exponencialmente na pandemia. Os acontecimentos da vida virtual se tornam cada vez mais parte integrante da vida das mais diferentes camadas da população, seja nas atividades profissionais, educacionais, de lazer ou de interação social em sentido amplo.
Há muitas pesquisas e estudos recentes na psicologia acerca das novas constituições de subjetividade contemporânea e das interações humanas na era das comunicações, entendendo as implicações do mundo digital na estruturação da psique do homem atual. O psicólogo da atualidade precisa apropriar-se da compreensão sobre a natureza e a dinâmica desse fenômeno global para que amplie seus saberes e desenvolva formas de intervenções que atendam às demandas vigentes.
Um dos aspectos que tem sido bastante abordado recentemente no universo da psicologia é a falta de espaço para pausas, o desconectar-se; e os impactos que tal fenômeno acarreta na saúde psíquica. Quando se acaba ou há uma pausa nas atividades profissionais, logo se conecta a alguma rede social, ou seja, podemos desaprender a lidar com o silêncio, com o vazio. E talvez sejam eles grandes professores: nos ensinem que nestes hiatos podemos aprender a sonhar acordados, a devanear.
Cabe dizer que não se trata de um discurso tecnofóbico, pelo contrário, é evidente o quanto a tecnologia se torna uma grande aliada nossa, trazendo conforto e ampliando possibilidades de se colocar e se relacionar no mundo. O ponto é que cabe à Psicologia entender os impactos na saúde mental destas novas configurações, para pensarmos em ajustes e novas maneiras de uso que serão necessários para se alcançar uma relação mais saudável e equilibrada com tais ferramentas.
Gabriela de Faria Rondão | Psicóloga Clínica
imagem: Daniella Domingues.
